domingo, 11 de julho de 2010

Os Sertões, baseado na obra de Euclides da Cunha


Antônio Conselheiro: um herói popular

Com um camisão de brim azul, vivendo de esmolas e carregando numa mão mão um livro com a "Missão Abreviada" e na outra "As Horas Marianas", Antônio Conselheiro iniciou sua carreira de andarilho, como beato. Mas logo se transformou num condutor de sertanejos. Acompanhado por duas professas, entrava nas cidades rezando terços e ladainhas. Depois pregava, possuído por um furor místico que arrastava multidões.


Os poucos prisioneiros homens eram degolados, depois de se exigir deles, inutilmente, um "Viva a República". As águas do Vaza-Barris em pouco tempo eram uma lagoa de sangue. Pilhas de cadáveres serviam de trincheiras aos sertanejos. Os soldados incendiavam casas onde estavam velhos e crianças. E na mente do horrorizado Euclides crescia uma idéia: denunciar a barbárie e provar que Canudos não era um problema político, era uma questão social. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento (...) quando caíram seus últimos defensores, quando todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. (...)

Em 1902, numa choupana à beira do rio, em São José do Rio Pardo, Euclides da Cunha terminou seu livro, contando a verdadeira história sobre o extermínio de Canudos: uma luta desigual e vergonhosa, em que o exército brasileiro se cobriu de infâmia. O inimigo invencível afinal de contas não passava de gente sofrida das secas. Mulheres, velhos e crianças que resistiram até o fim, numa luta inglória. Negros e índios que buscavam criar um espaço em que pudessem ser admitidos como integrantes da nação.


Euclides da Cunha revelou que "sertão" é sinônimo de solidão do homem na terra, onde o abrigo da salvação está apenas nas poucas veredas. Ao criticar o beato, foi o primeiro que apregoou que a "terra é do homem, não é de Deus nem do diabo." E a frase atribuída a Antônio Conselheiro, "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão" é uma profecia que ecoa por todo o deserto nordestino, desde bem antes do Conselheiro. E sobrevive na esperança e na alma do sertanejo.


http://www.tvcultura.com.br/aloescola/estudosbrasileiros/sertoes/sertoes3.htm

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