segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Psicoterapia, depressão, antidepressivos e autoconhecimento

Nos últimos tempos estão sendo veiculadas inúmeras reportagens a respeito do lançamento de novos medicamentos que podem melhorar o nosso humor

Remédios antidepressivos capazes de nos deixar livres de qualquer tipo de vício, além de propiciarem sentimentos de felicidade e paz! É evidente que em nossa sociedade, aonde a dificuldade de sobrevivência cada vez mais brutaliza e estressa o ser humano, notícias como essas são muito bem vindas.

De fato, muitas empresas farmacêuticas estão investindo pesadamente neste segmento, que é altamente rentável e atinge mais de 40% da população mundial. Porém, é importante lembrarmos que há exatamente 20 anos o lançamento da fluoxetine (princípio ativo do Prozac) provocou as mesmas reações eufóricas. Mas, infelizmente, apesar do consumo exagerado deste e de outros antidepressivos ou estabilizantes de humor de última geração, os problemas emocionais continuam crescendo e provocando muitos danos tanto relacionais quanto orgânicos.
Não podemos terceirizar a responsabilidade que devemos ter com a nossa felicidade. Ela não pode vir por meio de coisas externas, pois a verdadeira e perene felicidade só pode acontecer na jornada do autoconhecimento e do

e do encontro de sentido e significado existencial. Nem o dinheiro pode ser instrumento para se atingir a felicidade, pois feliz é quem gosta de viver e tem fé na própria vida, independente dos percalços tristes que possam atingi-lo.

O medicamento pode ser um instrumento momentâneo para quem está sofrendo e não está conseguindo se libertar dos pensamentos e emoções destrutivas. Hoje nós sabemos que existe uma estreita relação entre a emoção e a bioquímica corporal e, neste caso, a medicação pode, de fora para dentro, tentar restabelecer o equilíbrio. Porém, se não houver uma mudança no padrão de crenças e de pensamentos, o organismo vai criando resistência ao remédio e todos os sintomas reaparecem. Nesse momento é que os novos produtos, que obviamente são mais caros, substituirão os antigos e a cura, infelizmente, fica de lado.

Produzem mudanças químicas, principalmente no equilíbrio da dopaminégico. A dopamina é um mensageiro químico que estimula os centros cerebrais de prazer e satisfação, capaz de mudar o humor. As sinapses são as ligações que acontecem entre os neurônios, que são as células cerebrais. Quanto mais rede sináptica, mais maduro e eficiente é o cérebro. As sinapses excitadoras aumentam o fluxo de substâncias químicas, como a dopamina, associada ao sentimento de euforia, enquanto as sinapses inibidoras impedem estes fluxos. Ambas são importantes para a homeostase neuropsíquica.

É importante saber que qualquer célula é uma pequena unidade de consciência que age exclusivamente dentro dos princípios de sobrevivência biológica e de sua especificidade. Com isso, cada célula aprende com as experiências de gratificação e recompensa, além de transmitir para sua descendência esse aprendizado. Então, as novas células serão muito mais capacitadas para a realidade bioquímica, equivalente ao ambiente emocional mais dominante da pessoa, com o aumento ou a ativação dos receptores da bioquímica mais disponível. O cérebro, por sua vez, é formado por células muito mais específicas para formar rede de relacionamento e informação. Desta forma, os antidepressivos são substâncias que interferem quimicamente no sistema de recompensas.

O tratamento baseado exclusivamente aos aspectos físico-químicos ou comportamentais da depressão se restringirá à exterioridade adaptativa do paciente. Mas, na maioria das vezes, fica limitado da compreensão do significado emocional do sintoma, incluindo as vivências individuais, familiares, socioculturais e espirituais presente na vida do depressivo, e o

papel que essas vivências produziram no desenvolvimento da personalidade e da cultura. Principalmente porque acredito que é por meio da atribuição de significados simbólicos aos sintomas de adoecimento que poderemos compreender a alma humana, estudar o sistema nervoso e o funcionamento dos neurotransmissores.

A Psicologia junguiana, mais especificamente, irá estimular o processo de elaboração simbólica, com intuito de ampliar a consciência de si mesmo, o self, como o centro e a finalidade última de toda a atividade vital. Esse processo se dá a partir da conscientização das personas, as máscaras sociais e os personagens atuantes em cada indivíduo. Com a percepção consciente da persona imediatamente vão surgindo os aspectos sombrios e toda história evolutiva do ser e da humanidade, estruturados no quatérnio arquetípico matriarcal, patriarcal, de alteridade e de totalidade. Esses quatro dinamismos, por sua vez, operam através da atividade criativa e centralizadora do arquétipo central.

Concluo deixando claro que depressão é sinônimo de negação de vida. A vida, por sua vez, depende das relações e das trocas. Por isso é muito importante entendermos que depressão não é sinônimo de tristeza. A tristeza é oposta da alegria e a depressão é oposta da felicidade. Uma pessoa que conquistou a felicidade, por ter encontrado um sentido e o significado da sua vida, saberá lidar tanto com os momentos de tristeza, sem cair em depressão, quanto com os de alegria, sem pender para a euforia. Ou seja, a felicidade é um estado de espírito que, depois de conquistado poderá ser perene, apesar das oscilações naturais da vida. E que a felicidade é uma conquista consciente daquele que teve a coragem de se enfrentar num processo de autoconhecimento, encarando as personas, a sombra e o inconsciente.

Dr. Waldemar Magaldi Filho
Especialidade: Psicologia


http://msn.minhavida.com.br/conteudo/1434-Psicoterapia44-depressao44-antidepressivos-e-autoconhecimento.htm

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